Felicidade Clandestina - Clarice Lispector
Nesse lindo conto, é retratada a história de uma menina apaixonada pelos livros.
Uma de suas "colegas", era filha do dono de uma livraria. A menina "gordinha" e "feinha" era incrivelmente má. Em época de aniversários, invés de pelo menos um livrinho barato, ela os presentava com um cartão-postal da loja do pai, pura maldade.
Certo dia prometeu para a menina que lhe emprestaria o livro "As Reinações de Narizinho", de Monteiro Lobato, tendo só que passar em sua casa no dia seguinte para apanhá-lo. Transformada em replete alegria e esperança, dia após dia a menina passava na casa da "colega", sem faltar um dia se quer. Sempre a menina gorda inventava desculpas diferentes de que ela não possuía mais o livro em suas propriedades, que se ela viesse de manhã, poderia o emprestá-lo, mas como só viesse a tarde, tinha emprestado o livro para outra garota.
Mais como mentira tem perna curta, certo dia, a mulher do dono da livraria, por estranhar a visita diária e silenciosa da garota, foi interrogá-las pelo motivo do tal acontecimento. O plano de fazer com que a menina sofra foi descoberto.
Quando a mulher entendeu o que estava ocorrendo, tratou de explicar à menina que o livro nunca tinha saído de sua casa e que sua filha sequer o tinha lido. Disse a menina apaixonada por livros que o levasse e que ficasse o tempo que quisesse.
A garota foi para casa, serelepe. O tempo que quisesse! Isso significava mais do que ter o próprio livro.
A alegria da garota era imensa. Fingia que não sabia onde guardara só para ter o prazer de achá-lo e lê-lo. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina chamada felicidade.
"Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu diamante."
O Búfalo - Clarice Lispector
Quem aí já não se sentiu rejeitado pelo mundo? Quando tudo começou a dar errado, ninguém mais te entendia, nada dava certo? É... a principal personagem desse conto está passando por essa mesma situação, quando descobriu que seu amado não a amava mais, então resolveu ir ao zoológico para conseguir encontrar raiva nos animais.
Sua busca se tornava cada vez mais difícil, pois os animais estavam se esgotando e só amor era encontrado: nos macacos carinhosos, nos leões protetores e até mesmo nos elefantes, que tinham o poder de esmagar qualquer coisa, até uma simples formiguinha, mais por piedade, não esmagava.
Quando começou a pensar que só aprendera a amar, a amar e a amar, encontrou o búfalo.
Foi então, que ela começou a provocá-lo, tacando pedras e gritando. O ódio nasceu dentro dela e depois de alguns instantes, quando o búfalo a encarou... "Eu te amo, disse ela para o homem cujo grande crime impunível era o de não querê-la. Eu te odeio, disse implorando amor ao búfalo."
O búfalo, começou a se aproximar da mulher, mas ela não recuava nenhum passo sequer. Ficou espantada com o olhar do búfalo, mas estava "presa" ali. Antes de seu corpo cair no chão, viu apenas o céu e o búfalo.
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As Cerejas - Lygia Fagundes Telles
Em "As cerejas", Lygia, narra uma pequena parte da vida de uma garota, chamada Júlia. A mesma vive em uma chácara com sua Madrinha, com Dionísia, a empregada. Nas férias, recebe a visita inesperada de seu primo Marcelo e de Tia Olívia.
Tia Olívia, aparenta ser uma mulher muito fina e acostumada com luxo. Acima do decote do vestido carregava duas cerejas de cera, uma em cada seio. Marcelo muito admirado por Júlia, é mais simples, adora cavalgar e aparenta não gostar muito de Tia Olívia, que para ele, é muito vulgar. O clímax da história ocorre numa noite de chuva, quando acaba-se a luz. Júlia vai até o quarto de Tia Olívia, para entregar-lhe um maço de velas. Ao entrar no quarto, tem a impressão de ver a silhueta de dois corpos entrelaçados no escuro.
Na mesma noite, fica doente. Marcelo vai embora sem despedidas. Tia Olívia, vai ao quarto de Júlia e lhe entrega uma de suas "cerejas".
Feliz Aniversário - Clarice Lispector
O conto Feliz Aniversário trata da hipocrisia familiar com ironia. E embora, escrito há algumas décadas, o texto ainda continua a ter certa relevância no dias atuais.
A infelicidade é a matéria secreta que perturba e lateja na felicidade de uma festinha de aniversário de D. Anita, uma senhora que completa oitenta e nove anos, e seus familiares reúnem-se para comemorar a data. Zilda, a filha com quem a aniversariante mora, organiza a casa para receber a família, prepara tudo com antecedência para que nenhum imprevisto aconteça.
Logo depois do almoço, Zilda vestiu a mãe e a colocou na cabeceira da mesa já arrumada, a fim de esperar os convidados que chegariam no final da tarde.
Pouco a pouco os convidados vão chegando; os filhos, as noras, os netos, quase todos ali fingem comemorar o aniversário. A aniversariante continuava na cabeceira da mesa sem participar da própria festa. Cantaram parabéns e uma neta pediu para a vó cortar o bolo. Ela corta-o com brutalidade.
A festa continuou e a idosa passou a observar com desdém a própria família. Inesperadamente, ela cuspiu no chão.
Até o final da festa, permanece um clima falsidade e ansiedade. Quando chega a hora de ir embora, os parentes sentem dificuldade de escolher a forma correta para se despedir um dos outros.
Amor - Clarice Lispector
Ana era uma dona de casa preocupada com os seus afazeres e sempre muito organizada em suas tarefas. Tinha marido, filhos e morava em uma casa boa.
Certo dia, saiu para fazer compras para o preparo do jantar, e já voltando para sua casa, dentro de um bonde, foi surpreendida por um deficiente visual que mascava chiclete. Esse fato, a despertou para novas emoções e sentimentos.
O fato do homem mascar o chiclete na escuridão, com aquela naturalidade, incomodava Ana, pois apesar da dificuldade que aquele desconhecido enfrentava, ele aparentava ser feliz. E isso a aborrecia, porque a fez pensar na felicidade que não fazia mais parte de sua vida monótona, como ela mesma disse: "também sem a felicidade, se vivia".
Tomada por esses pensamentos, Ana não percebe que o bonde dera partida, deixando cair o pesado saco de tricô que carregava. Sua reação imediata foi dar um belo de um grito, expressando tudo o que estava sentindo. A rede de tricô desprendeu-se de sua mão, fazendo com que os ovos caíssem e quebrassem também. Ana ficou totalmente desconfortável com aquela situação, porque além de tudo, a queda causou uma certa desorganização.
Todos os passageiros do bonde, ficaram a observar Ana após a queda de sua bolsa e seu grito. Ana consegue entender que a situação do cego a fez refletir sobre o mundo e o seu particular, entrando em um conflito íntimo, levando-a á uma reflexão extrema.
A distração foi tão grande, que Ana passou de seu ponto de chegada, descendo dessa forma em um ponto no Jardim Botânico. Ficou a tarde inteira observando o local, as plantas, insetos, folhas... enfim, a paisagem em geral e seus detalhes. Em certo momento lembrou da sua família e do jantar, isso a fez correr.
Ao voltar para casa, Ana já não era mais a mesma. Parecia que seu amor pelos filhos, marido e até a própria casa estava maior. Jantaram com seus amigos e com as crianças.
Naquele momento, Ana precisava de amor e carinho, encontrando isso no abraço de seu marido. Onde pode afastar dela, o medo de viver.
Venha Ver o Pôr-do-sol - Lýgia Fagundes
.Raquel é uma mulher casada que depois de muita insistência resolve aceitar o convite do ex-namorado Ricardo para um último encontro. Misterioso, o homem pede que ela o encontre num antigo cemitério, onde segundo ele, ela veria o mais lindo pôr-do-sol.
Juntos eles se aprofundam cada vez mais no velho cemitério e por mais que Raquel peça para que ele desista da ideia, Ricardo quer chegar ao túmulo de sua família. No caminho os dois mantêm uma conversa nostálgica e mórbida ao mesmo tempo, até que finalmente chegam ao mausoléu.
Lá Ricardo resolve mostrar à Raquel o retrato de uma prima que morreu muito jovem e era muito parecida com a mulher. Quando Raquel se aproxima da imagem ouve um forte estrondo. Ricardo havia a trancado em meio às gavetas que nem sequer eram de familiares seus. Antes de deixar que Raquel enfrente seu terrível fim, Ricardo lhe diz como enxergar o “pôr-do-sol mais belo do mundo”.